És tu o tal, Aníbal?

Sabem, com esta coisa da Dinamarca, das fatah e do Freitas, tenho andado pensativo. Acho que fiz uma introspecção e viajei até ao meu interior (esta frase deixaria qualquer dama em alerta). Tenho procurado encontrar-me, saber quem sou. Um gajo quando é puto anda levezinho e, apesar de se levar a sério, tem a vida toda à sua frente. Eu pareço novamente um adolescente Rimbaud. A única diferença é que não tenho dezassete anos. E, portanto, não me levo a sério. Como esta cambada de trogloditas faz precisamente o contrário, padeço de falta de identificação. Sem ser o Sporting (não quero bocas), não sou de nada. Vai daí a minha viagem. Preciso da pertença, de raízes. Fiz a minha novelazinha TVI e descobri quem sou. Sou zyrtectiano. Vero. Esqueçam a igreja, energia, dimensões e as cenas temporais. Não há cá o de onde viemos e para onde vamos. Nada disso. Esqueçam também a heroína. Dá muito trabalho e a prata polui o ambiente. Nada de desesperos. O Zyrtec é legal, pode-se comprar nas farmácias e dá cisma assegurada para dois dias - um em estado letárgico e um em estado gasoso (já queremos agir, mas o corpo ainda não responde). Quer dizer, a bem da verdade, o seu efeito estende-se por mais algum tempo. Basta ler esta bodega que aqui escrevo para o constatar. Mas é bom! Para aderir basta espirrar, sentir comichões na garganta, mau estar, olhos inflamados. Enfim, qualquer coisa. O que interessa é não estar fixe. E quando assim é, zás, copo de tinto e zyrtec. Ah, não se pode é trabalhar, conduzir (isto é que é tramado para mim), ouvir pessoas, comer sopa e sair à rua. Por isso, municiem-se de torradas, cházinho, objectos de zapping e corram ao vosso médico. O Zyrtec é comparticipado.