sexta-feira, abril 07, 2006

Descoberto o Cú do Conde

A minha filha pergunta, pergunta e pergunta. Nas pausas volta a perguntar. Eu respondo, respondo e respondo. E nas pausas chamo a mãe dela. Um destes dias entornei. Raça da catraia que não deixa ver a bola! "Ó pai, é onde?" Sai disparado. "No cú do Conde!" Silêncio. A mãe da pequena olha de soslaio, o David Borges faz uma pausa e eu dou um gole no shagrã. A miúda não arreda pé e continua impávida e serena. No grande écran (a minha televisão é grande) anunciam um especial "distúrbios africanos explorados na Europa que se revoltam e queimam carros". Explico-lhe que a casa do Nodi (e respectivos) fica no Cú do Conde, um sítio de fronteira, mais ou menos entre uma União Europeia burguesa à procura de títulos reais e uma revolta de camponeses vinda do sul. O que é fácil de explicar, uma vez que a Boneca Dina, a única que trabalha em todos os episódios, é preta. Contei-lhe que tinha sido o irmão dela que tinha feito a casa do Sporting. A miúda acenou e disse "ah". Pois, somos básicos até para uma miúda de três anos. E também percebeu o que os senhores que pagam à boneca Dina ainda não compreenderam. Que até o Conde tem de limpar o cú depois da merda feita.