Fátima, Futebol e Fado

A trilogia fantástica que durante meio século bateu recordes de audiência está de volta. O Senhor caiu da cadeira, a Dona Maria reformou-se e a Senhora Dona Amália (parafraseando Eusébio) finou-se. Os cravos abundam, os estudantes estão desertinhos por manifes, os políticos bocejam e os bancos engordam. Tudo está muito bem. Desde, claro, que hajam feriados santos (e respectiva pontezinha), baile de bola dos magriços e renovação no fadinho. Vejamos. De vilão a bufo, chamaram de tudo a Judas. Como há bem pouco tempo ouvíamos dizer de sua santidade que preservativo era pecado, deduzo que mais ano menos ano haja a sexta-feira Judas, dia de comer carne, beber copos e ir ao bar das Madalenas. Tudo coisas que a malta praticante do pecado faz com regularidade e que abundam para os lados da Tia Alice. Na bola, nunca houve assim. Dirigentes, amantes e trogloditas. Majores de apito no bolso e brasileiros de quina ao peito. E muita fruta nos estágios da selecção. Diz que dá saúde. Joga-se e bem. Esgotado o modelo do estádio, chegarão as disputas saídas do social. De um lado alinham pela Caras o Ronaldo, o Figo e Baía (Grupo SIC). Pela VIP, Ricardo "sem luvas", Maniche e Costinha (Grupo TVI). Imagino que em campo não ficam as canelas, mas sim as canetas (para o autógrafo). O prémio é uma apresentadora bem aparecida, zero quilómetros. Chegado ao faduncho, pouco mais há para dizer. Volto a imaginar. Agora o Brainstorm para os Madredeus. Diz o Pedro Ayres, "Ó Zé Pedro (dos Xutos), pá, os japoinas não comem punk nem por nada". Diz o Zé Pedro, "olha, pá, a minha mãe fez um cruzeiro e diz que os gajos era só karaokes da Amália". Tá feito, fadinho para o oriente que eles pagam em yenes. Agora temos declinações para todos os géneros, sendo bastante exequível a venda do albúm de carreira do Paulo de Carvalho no Iémen. O Salazar ainda respira.