O Código Zandinga

Bem, nesta alturas, em que nem sol nem chuva. Em que não me apetece assim ou assado e só me arrancam grunhidos e meias caras, decido que enough is enough. Não vale a pena tomar um porre e encher a cabeça. É necessário mais. Preciso de ajuda profissional. Uma breve consulta nos jornais apresenta-me o Doutor Mamba, especialista em cenas. Maus olhados, anorexia, trabalhos, amor, you name it. O Doutor Mamba é o Marcelo do underground esotérico. Mas embora não goste de o admitir, sou um gajo tradicional. E ligar para números dos jornais não é a minha onda. Se passei a rebarba da adolescência sem telefonar à "roliça mulatinha Andreia" ou à "beldade Nadia", não seria agora que o faria. Sou Leão e, portanto "orgulhoso". Como o meu perfil de ascendente em Jacaré ou coisa que o valha também diz que sou "forte e sensível", preciso de encontrar um consultor à medida. O Paulo Coelho é ambíguo, o que quer que isto signifique. Não falo de paneleirices. Nunca percebo muito bem onde quer chegar. Tipo Dan Brown. Mas as coisas vão melhorar. A Maya diz-me que durante a próxima semana conseguirei "dominar problemas e conjunturas". Coisa que muito me apraz. A conjuntura é lixada de dominar. O Paulo Cardoso acha que vou "sentir um enorme desejo de participar em actividades de grupo". Desculpe? Também diz que "irá conhecer pessoas estrangeiras ou que vivam num ambiente muito diferente do seu". E realmente tenho de ir a Pataias a um armazém. Mas ainda não é isto que procuro. Vou continuar a minha busca interior, certo de que o Mestre já cá não está. O Zandinga está no Além. E ele era o gajo ideal para tratar das maleitas que me afligem. Principalmente as futebolísticas. Ele diria o que muitos pensam. Daqui a uns anos ninguém vai querer saber se Jesus deixou filhos. Vão é querer saber se os fez encostado ao Muro das Lamentações.