quarta-feira, maio 10, 2006

O Disparate Crítico



O momento da queda. Eis o que me apetecia presenciar. Não é bem voyerismo. Acho eu. Ou digo eu para me desculpar. Mas sim, gostava de ver as expressões do click. De Hitler a descobrir que a sua insanidade não continuaria. De Kobain, quando decidiu que sim. Que disparava. De Maradona a arrumar as botas. Gostava de assistir ao engolir em seco. Saber o que se sente quando se deixa de sentir. Na morte e na vida. Gostava de saber o que sentiu Steve Jobs quando fez, faliu e fez outra vez. Não me agrada a gestão pública senão era o que faria. E depois de saber tudo isso e isto, gostava de saber o leitmotif. Qual o disparate crítico que levou a isso. E depois a isto. A decisão errada, o impulso decisivo. Não é que me ajude aqui ou ali. Mas li intrigado o que Bellow explana no seu Ravelstein, personagem que conhece as intrínsecas qualidades do ser humano. E que ganha a vida a impedir que os outros tomem más decisões. Também isso uma decisão crítica. Que o leitor decide se é disparate ou não.