sexta-feira, outubro 27, 2006

A preguiça da voz*



As palavras não avançam. Não querem avançar. Têm a voz fraca. Não sabem fazer-se ouvir. Ou eu não sei escutá-las. Ou não quero.
Sinto que talvez seja desta. Vou tentar arranjar vontade durante o tempo em que cismo, mas tenho medo de ficar com imaginários incompletos. Talvez as palavras comecem a falar mais alto. Pode ser que seja desta que me sente e que de repente a mão comece a escrever e a falar e não pare mais.
Não. Chateia-me ter de escrever. Só gosto de o fazer. De sentir as palavras e as frases e a alma a sair. Não gosto de o ter de fazer. Mas ainda menos de pensar que não o faço. Sou um tonto, é o que é.
Pronto, vou sentar-me e despejar. Não. Preciso que as letras olhem, chorem, respirem. Preciso que ao ler e reler as veja. E se sentir que sei o que dizem, então sim, estou pronto para as ler depois de as escrever. Ainda não as compreendo.

* o que me apeteceu dizer depois de ouvir o L. Antunes ontem