terça-feira, janeiro 13, 2009

O Amor



Conta o Sol, nobre e sensato informador semanal, que "dois guardas prisionais estão a ser julgados pelo crime de corrupção por terem deixado entrar no Estabelecimento Prisional de Elvas uma mulher para ter relações sexuais com um recluso." A dama entrou pela porta da frente e, na sala de visitas, "manteve relações sexuais com o detido". O pasquim liderado pelo pródigo Saraiva adianta que o John Holmes de Elvas cumpre pena de prisão por homicídio. Dezassete anos e seis meses mais propriamente. Não relata, no entanto, há quanto tempo durava a privação do detido. Ou qual a posição escolhida para o delito. Uma falha no rigor informativo a que o semanário nos habituou, mas que se compreende tendo em vista o cerne da questão. É de corrupção que se trata. Ao que parece a visita do Cupido foi permitida por um pequeno adiantamento de quinhentos euros. Diz o detido que "era um empréstimo, para ele ir de férias, depois pagava-me." Não se sabe também a qual dos guardas se refere com o "ele". Ou se iriam os dois de férias juntos. Ou qual a percentagem do adiantado que caberia à dama. Ainda assim, entristece que a pequena excepção que possibilitou ao recluso uma precária tenha acabado desta forma. Por tamanho acto de paixão (100 contos), o casalinho merecia ao menos repeti-lo numa cama com lençóis lavados. É que agora, só daqui a quinze anos é que há amor outra vez. Mesmo pagando.