terça-feira, fevereiro 17, 2009



Sou um pussy. Mas calma. Sosseguem as donzelas e acalmem-se os galifões, que a coisa não é grave. Tecnicamente, não sou bem maricas, sou mariquinhas. Nada de rabetices no conceito. Continuo a não gostar de vestir as cuecas da babe às escondidas, nem de tirar o pêlo do peito. E sou incapaz de ver o Goucha sem ficar impressionado. A bem dizer, sou javardo de mais para ser nasca. Mas há merdas que me assustam. A constatação surgiu nas lides de ser pai. A pequena tem crescido e agora, a par do domínio do calão, apareceu com os sonhos maus. Estranho, porque apesar das parecenças que tem com o Chuckie, não o conhece. Deduzo, portanto, que os pesadelos sejam o inconsciente a assimilar o papá a tomar banho. Nesta nova fase, pergunta amiúde se eu tenho medo de alguma coisa. De peito erguido, grunho que não. Que sou como os gauleses. Não caindo o céu, está tudo bem. Ora, não é bem verdade. Do que eu tenho mesmo, mesmo medo, é de morrer. Quer dizer, também não consigo ver o Exorcista. Não quero, não gosto, não vejo e aquela merda assusta. Mas como se diz vulgarmente, a morte, como nunca me aconteceu, permanece desconhecida. E isso assusta. O que a precede, sim, é palpável. À medida que também cresço, tenho um terrível medo de vários tipos de morte. Explico. O Antunes (como tratarei a partir de hoje aquele que decidiu deixar de publicar) catalogou a coisa de uma forma porreira, dizendo que a gente "às vezes, morre por desatenção. Outras vezes morre-se quando se pode. Mas, a maior parte das vezes, morremos porque se nos acabou a saúde." Quanto à desatenção, no worries. Guita no bolso e estupidez natural fazem milagres. Quanto à saúde, também não é bem o fígado que me preocupa. O que causa, digamos, frisson, é a catraia aparecer lá em casa com o Márcio, piercing no nariz, a cheirar a tabaco, e a pedir dinheiro para ir ao Snoobar. Não sei se o coração aguenta o sonho mau, decidindo que pode morrer.