
Shakespeare fez Hamlet pensar o que ele próprio discutia consigo. Por fim, resolveu o mesmo que Sócrates (escolham qual deles) - é melhor ser. O que somos e fazemos tem a importância que tem. Para nós, muita. Para poucos, alguma. Para outros, nenhuma. As biografias contam o que somos e não o que quem lemos/vemos/ouvimos foi. For instance, porque raio quereria eu saber da história de vida de Daniel Shechtman, "descobridor" dos Quasicrystais? Bem, o achado do senhor não são jóias e permitiu o aparecimento da frigideira moderna, responsável por inúmeros e deliciosos momentos de molhanga. O que torna qualquer história boa para quem queira ouvir a visão de quem a conta. É óptimo que as biografias entrem na moda, permitindo que os leitores "big brotherianos" mastiguem em vez de engolir.
Se há coisa que a comunicação global tem de boa é que as coisas são. Sem lugares obscuros, do diz que disse e do se calhar era. De repente, toda a gente tem merdas para contar. Olhem o D. Sebastião. Sempre ouvi que era puro (virgem), que tinha ido salvar o país a Marrocos e tal. E agora, que tinha gonorreia. Que tinha sido um homem da corte a pegar-lhe...Um homem! Mas era panilas? Não se sabe. Vai haver exumações e mais umas merdas e depois logo se vê. Mas se havia pedofilia assumida na Corte, lá se vai a honra d'O Desejado e o porta-estandarte da Direitinha portuguesa. Portanto, não se trata de história, mas sim de abordagem. Nada de novo, mas convém lembrá-lo. Finalmente estamos a ter uma aculturação transversal. A informação está aí toda e somos nós quem escolhe as notícias. O que fazemos importa. E assim, somos. Bom ano e façam coisas boas.